Credo; Missa da Coroação- W.A.Mozart - K317 -8 min
Mozart - Missa Solemnisin C "Dominicus" 9min.
A plenitude está na pequenez
«Dobrem-se, joelhos teimosos!»
William Shakespeare
William Shakespeare
O maior obstáculo à vida espiritual é a tentação de fabricarmos o nosso próprio Deus.
Uma coisa é conhecer os meus dons e cultivá-los. E 
outra,  bem diferente, é presumir que os possuo todos. O desenvolvimento
 dos nossos  próprios dons é uma tarefa do ser dotado. Foram-nos dados 
talentos naturais para  que os desenvolvamos em favor dos outros. Cada 
um de nós recebeu qualquer coisa  que se destina a tornar o mundo melhor
 para todos. Cozinhamos, cantamos, ensinamos  e escrevemos, limpamos e 
organizamos de tantas maneiras "incomumente"  comuns. Cada um de nós tem
 qualquer coisa que o resto do humanidade precisa.
Estou aqui para dar os meus dons ao mundo, para me 
comprazer  nos dons que Deus me deu, sim, mas só se for para o bem dos 
outros. Cada um de  nós é apenas um elo na cadeia que deve trazer toda a
 humanidade, e tudo na Criação,  à plenitude. Aquilo que eu sou e tenho 
devo dá-lo ousadamente, completamente,  para o bem do mundo. Se não 
reconhecer os meus dons, se não os desenvolver, não  posso, de forma 
nenhuma, cumprir em mim o propósito pelo qual fui criada.
Ao mesmo tempo, é inteiramente destrutivo – acima de  
tudo, para mim própria – presumir que, pelo facto de eu ter um dom, 
tenho todos  os dons, e que os demais não têm dom nenhum. Que o meu dom 
ultrapassa todos os  outros, que me dá direitos que os outros não têm, 
que me autoriza a viver acima  e para além do resto da raça humana. Isso
 é duma terrível arrogância. Destrói  todos os nossos relacionamentos, quer humanos, quer divinos. 
A arrogância corrói a nossa consciência do poder da 
interdependência  e deixa-nos a morrer incompletos. Reduz a pó a criação
 dos outros. Até nos  impossibilita de ver as nossas necessidades.
Sem capacidade de «dobrar os nossos joelhos teimosos » 
 perante aqueles que são igualmente dotados, perdemos também a 
capacidade de  dobrar os nossos joelhos perante o Criador, que fez de 
nós, de cada um de nós,  um dos feixes de luz brilhante da beleza divina que, juntamente com todos os  outros, reflete o esplendor que enche o mundo.
É a nossa necessidade uns dos outros que nos mostra a  
necessidade que temos de Deus. É a nossa profunda incompletude que grita
 todos  os dias das nossas vidas para ser completada – pelos que nos 
rodeiam e por  Deus.
Temos de rezar pela humildade, tão necessária para encontrar  a nossa plenitude na nossa pequenez.
Joan Chittister
In O sopro da vida interior, ed. Paulinas
16.07.13

Fontes: 
 http://www.snpcultura.org/a_plenitude_esta_na_pequenez.html






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