Canto do Magníficat
J.S.Bach - Magnificat BWV 243 - 4min.
Marc-Antoine Carpentier
Magnificat à trois voix - 9min.
Chistoph Graupner - 1683-1760
Magníficat - ut  1722 - 14min. 
Visitação de Maria a Isabel: um Magnificat pleno de alegria, fé e delicadeza
«Naqueles dias,
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direcção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direcção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos
a voz da tua saudação,
o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou
no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito
da parte do Senhor».
Maria disse então:
«A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas,
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
 
Jacopo Pontormo
  
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses
e depois regressou a sua casa.»
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses
e depois regressou a sua casa.»
Lucas 1, 39-56 
(Evangelho da Festa da Visitação de Nossa  Senhora a Isabel, 31 de maio)
Na  cena de Lucas 1,39-56, Maria escuta e reflete. 
Quando a Mãe rompe o silêncio,  vibra de emoção e canta ao seu Senhor. 
As suas palavras, mais que um canto, são  uma exaltação. 
 
Tintoretto
Pelo Magnificat podemos deduzir que, como nos 
 grandes contemplativos, Deus desperta em Maria um júbilo indescritível.
 Esse é  um dado válido para confirmar a nossa convicção de que a Mãe 
não só pertence à  estirpe dos contemplativos, mas é a coroa e modelo de
 todos eles.
Maria  ficou cerca de três meses com Isabel (Lc 1,56). 
De que falaram durante esses  três meses? Qual foi o assunto central das
 suas conversas?
Na  minha opinião, o Magnificat,  talvez também o Benedictus,  refletem o fundo dessas conversas, e do intercâmbio das suas impressões.
 
Marx Reichlich
Falaram  da consolação de Israel, das promessas feitas a
 nossos pais, da misericórdia  derramada de geração em geração, desde 
Abraão até aos nossos dias, da exaltação  dos pobres e da queda dos 
poderosos.
Mais  do que falar dos pobres, dos profetas e dos 
eleitos, falaram principalmente do  próprio Senhor, de Deus-Javé. Quando
 alguém se sente intensamente amado pelo  Pai, não consegue falar senão 
sobre Ele. A Mãe, ao recordar como foi centro de  todos os privilégios, 
desde a imaculada conceição até à maternidade virginal,  sentiria uma 
comoção única, falando do seu Deus e Pai. Diz Resch:
«Jamais se poderia encontrar expressão mais alta de  
sublimes sentimentos do que os que devem ter animado Maria naquele 
momento.»
 
Ubaldo Gandolfi
Todas  as emoções que aquelas duas mulheres excecionais sentiram e comunicaram estão  refletidas no Magnificat,  que não é outra coisa senão um desabafo espiritual, e um resumo das impressões  e vivência das duas mulheres.
Deus,  o próprio Deus, foi o fundo e o objeto das suas 
emoções, das suas expansões e  das suas expressões, durante esses três 
meses em Ain Karim.
Todos  os exegetas estão de acordo em que emerge, dos 
sete primeiros capítulos, uma  figura feminina de perfis muito 
específicos: delicada, concentrada e silenciosa.
Por  isso mesmo, Harnack achava «surpreendente» que 
Maria rompesse o seu habitual  silêncio e intimidade com um canto 
exaltado. A isso responde Gechter, com uma  explicação psicológica muito
 plausível:
 
Rogier van der Weyden
«A sua profunda piedade viu-se envolvida pela  grandeza
 do que Deus tinha feito nela. Não se podia pedir mais que isso para  
que o caráter silencioso da Virgem transbordasse com um ímpeto jubiloso 
de  palavras. Sendo essa uma ocasião excecional, não há nenhuma 
contradição com o  seu habitual recato e modéstia.»
Naturalmente,  não foi apenas uma efusão espiritual, 
uma comunicação fraterna. Foi mais do que  isso. Houve também solicitude
 e ajuda fraterna. Se o anjo diz a Maria que  Isabel está no seu sexto 
mês, e logo depois dessa comunicação Maria vai para a casa  de Isabel, e
 o Evangelho acrescenta que «Maria ficou cerca de três meses com  
Isabel», podemos deduzir com toda a naturalidade que a Mãe ficou em Ain 
Karim até depois do  parto de Isabel.
 
Mariotto Albertinelli
Maria  emerge como uma jovem delicada, com grande 
sentido de serviço fraterno. É fácil  imaginar a situação. Isabel está 
em gravidez adiantada, com eventuais  complicações biológicas devido à 
idade avançada, e tornou-se meio inútil para  os trabalhos domésticos. 
Zacarias estava mudo, «ferido», psicologicamente.  Certamente viviam os 
dois sozinhos. A Mãe foi, para eles, uma bênção caída do  céu.
Podemos  imaginar Maria, como aparece sempre, atenta e 
serviçal; podemos imaginá-la nas  tarefas domésticas quotidianas: 
comida, limpeza, lavar e costurar roupas,  preparando tudo o que é 
preciso para um bebé, ajudando Isabel nas suas  delicadas tarefas 
pré-natais, fazendo um pouco de enfermeira e um pouco de  parteira – há 
tarefas privativas do mundo feminino –, consolando Zacarias com a  
misericórdia do Pai, preocupada, em qualquer momento, com os mil 
particulares  domésticos...
Foi a própria delicadeza em  pessoa.
 
Vittore Carpaccio
Ignacio Larrañaga
In O silêncio de Maria - Conhecer de perto, amar melhor,
Constance Demby - Novus Magnificat - 15min.
Jan Dismas Zelenka - 1679-1745
Magnificat  in D major ZWV 108 - 12min.
 Giovanni Battista Sammartini - 1700-1775
Magnificat in B Major - 13min.
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